Caminhadas urbanas

Os inúmeros estudos sobre a taxonomia das caminhadas urbanas dão conta de diferentes classificações, diferentes óticas para análise do fenômeno. Hoje vamos tratar do estado de espírito do caminhante, a forma de encarar o mundo e a própria caminhada.

Otimistas

Otimistas – com Jesus no coração – dirão que a todos uma caminhada diária é conveniente. Serve para pensar na vida, refletir sobre os acontecimentos do dia ou do dia anterior. Pode ser pela manhã, cedo, ou à tardinha, na hora da Ave Maria. A hora não importa, o importante é se dar um tempo. Sem telefones, alertas, notificações. Sem mesmo música ou qualquer coisa que elimine ou reduza o som ambiente, qualquer que seja, o som da rua ou do parque ou seja lá onde o vivente decida caminhar.

Otimistas não ficam olhando para o chão, olham para a frente, tão longe quanto possível, e da mesma forma pensam na vida e nas coisas boas que estão por vir e acontecer. Não é incomum tropeçarem em algum buraco. Levantam e como diz a música, sacodem a poeira. Encerram a caminhada felizes, não raro eufóricos, o que já me parece um exagero.

Pessimistas

Pessimistas – sem Jesus no coração – quando caminham o fazem como uma obrigação a que estão submetidos, uma tortura periódica em benefício da silhueta e do coração. Olham para o chão e quando não ficam atentos aos chamados e alertas do telefone, não raro acontece de esbarrar nas imperfeições de nossas calçadas. O resultado são impropérios diversos e comentários sobre a vida íntima de mães as mais variadas, a maioria honrada. Encerram a caminhada com a sensação de que não devia ter saído de casa para caminhar

Na opinião deles, uma droga.

Realistas

Caminham sem telefone, mas carregam consigo um cartão com o número do telefone de casa e algum dinheiro para eventuais assaltantes. Um olho à frente e outro no chão para não cair. Um terceiro nos automóveis e ladrões em potencial. Mas não se atormentam, seguem seu caminho com a segurança de que chegarão ao destino ilesos, esperam.

Normalmente chegam. Encerram a caminhada com a sensação do dever cumprido, embora um pouco cansados. Felizes.

Há muitas condutas frente à necessidade de caminhar.

Em comum, como o leitor deve ter notado, os buracos na calçada. Um grande filósofo do “BBB” já dizia: faz parte.

A escolha é sua, mas não deixe de caminhar (pela silhueta e pelo coração).

 

P.S.: olhe para os dois lados ao atravessar as ruas – mesmo as de mão única.

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