Longinus

14 mar 2018 – 627 – NR

Não sei o motivo, talvez inspirado por ele próprio, outro dia me lembrei de São Longuinho. Não, embora reconheça a habilidade inestimável do santo, não sou exatamente um devoto. Não, na verdade sou, mas daqueles que só lembram quando precisam. Uma lástima. Não, não foi por interesse ou “precisão” como se diz. Não havia perdido nada, nem a fé, nem a esperança. Levado pela lembrança procurei o seu dia e, vendo que estava perto, deixei anotado.

Sim, ao que consta, São Longuinho existiu, o que pode ser comprovado por meio de outros santos. São Gugal, São Bing, ou Santa Wiki. Todos atestam a existência do santo. Não bastassem eles, há a sabedoria popular que, tirando o voto, sempre sabe o que faz e diz. Acho que “dá um branco”, não sei.

Então, vejam lá a história de nosso querido São Longuinho e descobrirão o motivo de sua invocação quando se perde algo. Não, não é cultura inútil, sempre será possível usar o conhecimento em favor de algum perdedor – me refiro a perdedor de coisas – menos atento, crente ou “lido”. De poucas leituras, quero dizer. Quando retornarem as festas de salão e as noitadas de chope, a história também poderá ser contada após um certo horário. De posse do novo conhecimento o interessado poderá recuperar seu objeto perdido seja lá o que for. Se perde cada coisa em festas de salão, como atestam as seções de achados e perdidos. Nestas ocasiões chaves de automóveis costumam desaparecer por encanto, tornando a informação especialmente útil. Mas não dirija se houver bebido.

Está mais do que comprovado que, invocado, ele não se faz de rogado e prontamente atende ao pedinte.

Pelo que pude ler, dependendo da importância do objeto perdido pode-se oferecer um número maior de pulinhos. São Longuinho, São Longuinho, se eu achar a chave do carro, dou cinco pulinhos. Não gostei, não vou ficar negociando com o santo, nem acho que ele tenha uma tabela com taxa adicional segundo a dificuldade. Duvido. Bem, mas a tradição é que são três pulinhos, não seja sovina, prometendo apenas um ou dois. São três.

Confesso que não descobri o que acontece se o vivente, sendo atendido, não dá os três pulinhos. Nunca testei. Não, não penso que nosso santo seja vingativo, mas há alguma chance de se perder o crédito e quando se precisar novamente ele demorar mais tempo para achar.

Pois então, amanhã – 15 de março – é o Dia de São Longuinho. Me ocorre agradecer os tantos achados que me proporcionou e a tantas pessoas. Vou ter que pular muito.

Me ocorreu – cada ideia que passa pela gente – que logo após agradecer com os tradicionais três pulinhos, pudéssemos – em grupo – emendar mais um pedido, este de vulto, aí sim com mais de três pulinhos, talvez uns dez. Melhor cem.

O que pediríamos? Não sei, pensei em bom senso, mas como nunca tivemos, então acho que não vale. Tem que ser algo que tínhamos – mesmo sem saber – e agora nos faz falta.

Não, não me escrevam com sugestões, peçam diretamente e, pelo amor de Deus, não vão esquecer os pulinhos (pelo menos três).